Com baixo volume de chuvas, reservatórios essenciais para geração de energia por hidrelétricas estão com os piores níveis em décadas. Especialistas explicam motivos
Com a chegada do período de estiagem na maior parte do país, os reservatórios de água que concentram algumas das principais hidrelétricas sofrem esvaziamento, o que torna a produção energética mais difícil e cara. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a escassez de chuvas no país para a geração de energia é a pior em 91 anos.
Alguns dos principais reservatórios para a produção energética do país, localizados no Centro-Oeste e no Sudeste, estão no pior nível em 22 anos. São eles: Marimbondo e Água Vermelha, em São Paulo e Minas Gerais, na bacia do rio Grande; Nova Ponte (MG); Itumbiara e São Simão, no rio Parnaíba, entre Goiás e Minas Gerais.
Marcelo Seluchi, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explica sobre esse recorde de escassez. Ele afirma que o nível de chuvas vem diminuindo ano após ano e que outro grande problema que contribui para o baixo nível nos reservatórios é a falta de chuva, especificamente nas bacias dos rios.
“A vazão média dos rios mais importantes para gerar energia é a mais baixa em 91 anos. Esse dado não é sobre seca e, sim, sobre essa vazão. A bacia do Rio Paraná, por exemplo, está muito baixa, sendo uma das mais importantes para a geração de energia. Estamos em uma sequência de anos bem secos, estamos no oitavo ano consecutivo em que a estação chuvosa é muito abaixo da média”, comenta.
Segundo o meteorologista, a escassez de chuvas é causada, entre outros fatores, pela temperatura do oceano Atlântico, próximo ao Equador, no extremo norte – que, explica ele, foi desfavorável, prejudicando assim as chuvas no Nordeste. Ele pontuou que a maior parte do país que gera energia elétrica teve chuvas abaixo da média no último período chuvoso.
O aumento da conta de energia para os consumidores se deve também à dependência do Brasil das matrizes de energia hidrelétricas. Cerca de 63% dos recursos energéticos são provenientes dessas matrizes, além disso, a utilização de outras fontes de energia a curto prazo são opções mais caras, resultando em preços mais altos nas contas.
Isso porque, com a falta de água, é preciso concentrar a produção em usinas termelétricas para atender à demanda do país. Elas são mais caras e funcionam com base na queima de combustíveis. O Ministério de Minas e Energia estima que, este ano, o acionamento de termelétricas resultará em um custo de R$ 9 bilhões ao consumidor, que deverá ser repassado no ano que vem, com um aumento de 5% no total da tarifa de luz.
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/06/4931467-entenda-a-crise-hidrica-que-ameaca-o-fornecimento-de-energia.html
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